Ilda David, Rosto de S. Paulo
No próximo dia 25 de Janeiro, Festa da Conversão de S. Paulo, será inaugurada no Seminário Conciliar de Braga uma exposição de pintura de Ilda David sobre o corpus paulino. Uma 'teologia visual' a contemplar até 29 de Junho, termo do ano jubilar dedicado a S. Paulo. Depois de, nos inícios do ano 2007, ter exposto no Mosteiro de Tibães as pinturas do livro do Génesis, que realizou para a Bíblia d'Almeida, Ilda David volta a Braga. Embora as do corpus paulino justificassem outra exposição (à semelhança do que fez ainda com as do Pentateuco, no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada), a distinta pintora preferiu, sob o repto da Direcção do Seminário, voltar aos textos de Paulo e apresentar uma série de pinturas completamente inédita. E, não fosse já meritória tal elevação, acrescentou-lhe o recorte científico: com base na crítica textual bíblica, privilegiou as Cartas de reconhecida autenticidade paulina. Serviu-se para isso da preciosa colaboração de José Tolentino Mendonça, reconhecido biblista e poeta.
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A exposição será inaugurada por sua excelência reverendíssima D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Equipa Formadora do Seminário Conciliar de Braga
A XVII Semana de Estudos Teológicos da Faculdade de Teologia-Braga, a realizar de 28 a 30 deste mês, será subordinada ao tema “Paulo de Tarso, quem és tu?”. Esta iniciativa será no Auditório Vita daquela cidade e abordará o passado e o presente do Apóstolo das Nações. PROGRAMA Paulo de Tarso, quem és tu? - O passado e o presente do Apóstolo das Nações Dia 28 - Paulo de Tarso e o seu mundo 9.30h – Paulo, antes e depois. Panorâmica dos contextos paulinos – Carlos Arbiol (Faculdade de Teologia da Universidade de Deusto – Bilbao). 11.15h – A palavra como auto-retrato – José Tolentino Mendonça (Faculdade de Teologia – Lisboa). Dia 29 - Olhares contemporâneos sobre S. Paulo 9.30h – Como falar hoje da Morte e do Além? Ressonâncias paulinas – Isabel Varanda (Faculdade de Teologia – Braga). 11.15h – Tópicos actuais de uma Pastoral paulina – D. Manuel Clemente (Bispo do Porto). Dia 30 – A construção do Evangelho de Paulo 9.30h – Paulo e Jesus. Luz sobre uma questão fundamental – Johan Konings (Faculdade Jesuíta de Teologia – Belo Horizonte).
11.15h – Eixos maiores da Teologia paulina – José Carlos Carvalho (Faculdade de Teologia – Porto).
In: Ecclesia
Celebração Nacional em 24 e 25 de Janeiro
A Conferência Episcopal Portuguesa, no intuito de tornar o Ano Paulino uma autêntica proposta pastoral, endereçou aos católicos de Portugal uma Carta Pastoral. Aí são elencadas diversas iniciativas que não podem ser votadas ao esquecimento.
Estando a viver, em Igreja, o Ano Paulino convido a ler A Teologia de S. Paulo de D. António Couto, Bispo Auxiliar de Braga, para conhecermos melhor São Paulo e o propósito deste "Ano Paulino".
Paulo, a figura mais visível do cristianismo nascente, viveu, segundo a tradição histórica, entre os anos 8 e 67. Nasceu em Tarso, na Cilícia (actualmente, no litoral sudeste da Turquia), de uma família judaica da diáspora (“dispersão” seguida à tomada de Jerusalém pelos babilónicos, por volta do ano 587 a. C.).
Circuncidado ao oitavo dia, manteve-se na lei mosaica (Filipenses 3:5), como fiel fariseu. Sua família adquiriu cidadania romana (que lhe garantiu protecção física ao longo da sua vida), pelo que, como qualquer cidadão do Império Romano, tinha um nome latino (Paulus), além do seu nome judaico (Saul).
Além de ter recebido notável formação helénica, como viriam a revelar, mais tarde, as suas numerosas cartas (a segunda parte do Novo Testamento, depois dos quatro Evangelhos e dos Actos dos Apóstolos), frequentou a escola rabínica de Gamaliel, em Jerusalém (Actos 22:3), para onde, na sua juventude, fora viver. Aí participou no apedrejamento do primeiro mártir cristão, Estêvão, numa época em que o Cristianismo ainda tinha o nome de “caminho” (Actos 9:2). Em seguida, desencadeou uma perseguição contra os discípulos de Jesus, convencido de que estava a defender a “tradição dos pais”. No seu caminho para Damasco, aonde fora enviado para controlar a agitação dos seguidores do “caminho”, viu uma luz, que o cercou e cegou, e, caindo por terra, ouviu a voz de Cristo ressuscitado (1 Coríntios 15:8), que lhe dizia: «Saul, Saul, porque me persegues?». (Actos 9:4).
A partir deste episódio marcante, descrito três vezes nos Actos dos Apóstolos (9:1- 19; 22:5-16; 26:9-18), tornou-se discípulo e apóstolo de Jesus (embora historicamente O não tenha conhecido).
Distinguiu-se, todavia, dos outros apóstolos por ter aberto decisivamente o cristianismo aos povos pagãos: «Porque o Senhor assim no-lo mandou: “Estabeleci-te para luz dos gentios, para seres destinado à salvação até aos confins da terra”» (Actos 13:47). Foi das figuras que mais contribuiu, mediante soberbo diálogo com a sabedoria judaica e a filosofia grega, para a inteligência e a organização do cristianismo primitivo.
Tornou-se, pelo aprofundamento teológico da mensagem de Jesus, em modelo de diálogo, por um lado, com a sinagoga, apesar da sua ruptura com tradições judaicas secundárias (como a circuncisão e os estritos hábitos alimentares), e, por outro, com o mundo pagão, através da identificação dos “sinais do Verbo” e consequente inculturação.
A colecção epistolar paulina é composta de catorze cartas, escritas pelo próprio punho ou encomendadas a escribas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filémon e Hebreus.
Paulo dá a entender, em várias passagens dos seus escritos, que tinha problemas de saúde, padecendo de uma doença crónica e dolorosa, por nós desconhecida, que lhe terá dificultado a sua actividade. Após muitos anos de viagens missionárias, sobretudo na Grécia, Macedónia e Ásia Menor, foi preso em Jerusalém, sob a acusação de infiltrar pagãos no Templo (Actos 21:28). O seu apelo a César valeu-lhe uma ida a Roma, onde, após cerca de dois anos de prisão domiciliária, foi libertado.
Terá reiniciado a sua actividade apostólica, visitado a Península Ibérica e retornado à Ásia Menor, onde, em Trôade, fora repentinamente preso e, mais uma vez, enviado a Roma. Aí, no ano 67, teria sido julgado e condenado à morte, não de crucifixão, mas de decapitação, em face de ser cidadão romano.
Ricardo Tavares, Professor Faculdade de Teologia da UCP
In: Ecclesia
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